A obra foi escrita entre 1930 e 1960 pelo médico de Laje do Muriaé-RJ, Manoel Ligiéro, que conta a história de sua cidade natal. “O homem, o rio e a terra, o Rio Muriaé e a Freguesia da Laje: traços geográficos e históricos” nunca chegou a ser publicada; era até hoje um original datilografado, mas o tempo tratou de corrigir esta lacuna de 63 anos.
A Essentia Editora do Instituto Federal Fluminense vai lançar a obra inédita, que será o volume sete da série “Memórias Fluminenses”, no dia 13 de março de 2023, às 18h30min, no auditório do Centro Universitário São José de Itaperuna (RJ), com a presença de familiares do autor. O evento é aberto ao público.
A programação inclui uma apresentação cultural e uma roda de conversa com o historiador e organizador da obra Anízio Pirozzi, o historiador Matheus Cardoso, representante dos familiares, e o museólogo Carlos Freitas. Também estarão presentes a editora executiva da Essentia, Daniela Balduino e o editor assistente da série “Memórias Fluminenses”, Henrique Barreiros Alves.
Henrique conta que o livro trata da história de Laje do Muriaé, na época distrito de Itaperuna, e a formação da região Noroeste Fluminense, por meio de um trabalho minucioso de pesquisa e fontes, história oral e outras metodologias que deram robustez ao trabalho.
Ele acrescenta que o livro foi escolhido para publicação pela Essentia “por se tratar de uma obra de fôlego sobre a microrregião do Noroeste Fluminense que carecia de algo mais contemporâneo sobre sua ocupação, desenvolvimento e progresso”, diz.
Para o organizador, Pirozzi, a obra preenche muitas lacunas sobre o passado do Noroeste Fluminense. “Busca fazer justiça ao protagonismo das localidades pioneiras e às lutas por um reconhecimento político social que há muito os moradores do interior fluminense pleiteavam junto às autoridades de Estado desde o século XIX e início do XX”.
O livro estará disponível para download após o lançamento, no site oficial da Essentia Editora.
A descoberta
O manuscrito chegou às mãos do organizador, Anízio Pirozzi, coordenador do Curso de História do Centro Universitário São José de Itaperuna, durante uma aula de história local.
“Um ex-aluno meu, Matheus Cardoso, é afilhado do sobrinho do autor, o sr. Claudio Ligiéro. A tarefa da aula era fazer um levantamento para saber se havia alguma obra escrita da história da cidade de onde nasceram”, conta. “O Matheus me vem com um manuscrito todo datilografado dizendo que o padrinho dele tinha este original e o desejo de publicá-lo. Quando eu abri eu reconheci o título porque alguém já tinha me falado desta obra, mas que nunca tinha sido publicada”.
Anízio passou a noite e madrugada lendo e relembra como ficou emocionado e impressionado com a riqueza do material, “impecavelmente bem feito”, afirma.
Ele se encontrou com o sobrinho do autor, o sr. Claudio, e iniciaram o processo para publicação do livro. Claudio faleceu em 2020 antes de realizar o seu sonho, mas participou de todo o trabalho e escreveu o prefácio junto com Pirozzi.
De acordo com ele, a organização da obra foi uma tarefa árdua porque o português é da época e foi mantido desta forma, então foi preciso conferi-lo e também verificar as referências bibliográficas.
“Buscamos primar pela originalidade da obra fazendo alguns ajustes só na diagramação para acompanhar a ABNT atual”, explica. Para Anízio, o autor foi muito cuidadoso na formatação de seu trabalho datilografado, com espaçamentos, parágrafos, tudo pronto para ser impresso em uma gráfica, além de uma pesquisa muito rica em informações. “Ele fez com o mesmo rigor que um historiador faria”, diz.
Sobre a série “Memórias Fluminenses”
A série tem por objetivo a publicação ou republicação – por meio de nova edição preservando a grafia da obra original – de livros referenciais para a história, a memória e as identidades culturais no âmbito das regiões de atuação do Instituto Federal Fluminense.
Pretende-se, com ela, ampliar o conhecimento e a compreensão da territorialidade fluminense, partindo do pressuposto de que a valorização das diversas identidades culturais que coexistem num território se dá não apenas através da audição e valorização de vozes presentes e atuais, mas também de narrativas muitas vezes perdidas num passado longínquo e que, mesmo assim, têm muito a dizer quando retiradas do esquecimento.
A origem da série está relacionada com o Programa Centros de Memória do IFF. O Programa foi iniciado em 2012, e já no ano de 2013 foi desenvolvida a proposta de se realizar a publicação de livros referenciais. Em 2014, foi publicado o primeiro livro da série: Cyclo Aureo: História do 1º Centenário de Campos – Memórias Fluminenses, vol. 1. Atualmente, são cinco volumes publicados, todos disponíveis no site da Essentia Editora. Muitas dessas publicações entraram para o rol de obras raras, o que, por si só, já mostra a importância que um dia tiveram.
Fonte: Ascom IFF
