21 de novembro de 2024

“Se precisar peça ajuda”

É crucial compreender que com a pandemia houve um crescimento de mais do 25% das doenças mentais e que os quadros de depressão, angústia e ansiedade tem atingindo a muitas pessoas de diversas idades e situações.

A frase que indica o título de nossa reflexão é o lema da campanha 2023, do dia de prevenção mundial ao suicídio, cuja data é o 10 de setembro. Esta campanha consegue ser o maior evento anti-estigma que mobiliza a opinião pública buscando evitar esta conduta autodestrutiva que ceifa no Brasil especialmente os jovens. São convocadas a unir-se a este momento de sensibilização e conscientização todas as entidades da saúde pública e particulares, e a sociedade civil como um todo, desde a academia, escolas, Igrejas, famílias e as diversas associações e grupos de serviço.

É importante ajudar identificando os sinais que indicam possíveis desequilíbrios que levem a desistência da vida. É crucial compreender que com a pandemia houve um crescimento de mais do 25% das doenças mentais e que os quadros de depressão, angústia e ansiedade tem atingindo a muitas pessoas de diversas idades e situações. Além disso, a dependência química em suas modalidades sociais e outras mais graves e transgressoras aumentam o risco da busca de pôr fim à vida. A crise afetiva, de relacionamentos e a solidão urbana, o desemprego e as dívidas financeiras podem também contribuir a esta soma de fatores. A atitude diante deste fenômeno que nos desafia e interpela deve ser sempre uma maior compreensão, empatia e presença amiga e solidária, dando suporte às famílias que lidam com pessoas que apresentam sinais de alerta e sintomas de perda da vontade de viver.

Escutar narrativas, facilitar a ressignificação dos momentos de crise, apontando sempre saídas e o valor e beleza da vida, são procedimentos que abrem horizontes para aquelas situações sufocantes. Por isso as Igrejas e religiões podem em muito contribuir para a leitura de sinais ameaçadores de risco potencial e a sua transformação a partir da visão e experiência da bondade, misericórdia e ternura divinas e os meios de aceder a ela, vida comunitária, sacramental e espiritual, que nos comunicam a própria graça e vida sobrenaturais. Não vamos esquecer estes irmãos e irmãs aflitos/as e sofredores, pois o amor de Cristo nos impele a dar-lhes nossa acolhida, amparo e socorro antes que seja tarde. Deus seja louvado!

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Bispo Dom Roberto Ferrería

Bispo Dom Roberto Ferrería

Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco nasceu em Montevidéu (Uruguai). Formado em Filosofia pelo Seminário Maior de Porto Alegre (RS) e em Teologia pelo Instituto de Teologia da PUC-RS e pelo Instituto Teológico da Arquidiocese de São Sebastião (RJ). Especialista em História pela Universidade de Montevidéu e mestre em Direito Canônico pelo Instituto Superior de Direito Canônico. Ordenado sacerdote em 1989, foi sagrado bispo em 2008.

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