A bateria do celular marca 8%. Oito é o número da sorte no Japão. Vou à cozinha e tomo o que resta do mate. Volto e o celular ainda está com 8%. Começo a digitar e ele vai para 7%. Sete é conta de mentiroso, dizem. Têm os sete pecados capitais.
Na sala, minha filha mais nova, Júlia, assiste a um desenho animado que eu não sei o nome. Mais cedo minha filha primogênita, Luiza, lia um livro de mitologia grega. A matéria que ela mais gosta é História.
Eu, caro leitor, escrevo esta crônica depois de mais de um mês ausente. Pensei em muitas coisas ao longo deste tempo, porém não as anotei e acabei esquecendo. A lembrança recente é de um barulho da obra que o pedreiro faz aqui em casa.
Fui no mercadinho comprar doce. Quando cheguei lá o Globo Esporte tinha acabado de acabar. Volta o barulho da makita. Vento. Tempo fechado. O sol se esconde. Um espirro. Uma almofada tartaruga de barriga para cima. Oi?
Sexta-feira 13. Sorte ou azar? Sei lá. Pergunto a Júlia o nome do desenho, ela não diz. A janela fecha e abre de novo em um vai e vem pelo vento. E segue o barulho da makita. Júlia cantou?
No desenho um peixe gigante com pés de galinha põe um ovo. Lembrei que a professora disse que o ovo pode ter vindo antes da galinha porque o ovo era de dinossauro. Júlia ri. E volta o barulho da makita.
O celular fica com 6%. Com 5%, ele começa a apagar para economizar energia. Tenho de terminar de escrever. Acaba um episódio da série que Júlia está vendo e começa outro. O nome é em Inglês. E eu fugi da aula de Inglês. 5%. Termino por aqui. Inté!