O morador de Caldas Novas, no sul do estado, que recebeu um PIX de R$ 50 mil por engano, diz que não pensou duas vezes em devolver o valor apesar de estar desempregado. Gustavo Santana, de 33 anos, conta que pensou em como é difícil juntar dinheiro hoje em dia para conquistar as coisas.
“Vi o dinheiro na minha conta, mas não era meu. Não pensei duas vezes e mandei o dinheiro de volta para o dono”, disse. Conforme extrato, o PIX foi enviado para Gustavo no dia 13 de outubro. Quem transferiu o valor para ele foi o pai do Vinicius Eduardo Silva, moradores de Itumbiara, também no sul de Goiás, quando ele estava pagando um carro que ele comprou e, por engano, errou o número da chave PIX.
Gustavo contou que quando viu as mensagens e ligações de Vinicius, inicialmente, achou que era para uma entrevista de emprego. “Meu celular estava carregando e tinham muitas mensagens, ligações e áudios. Na hora pensei que era uma entrevista, pois eu estou procurando emprego”, revela.
Ao ler as mensagens, Gustavo ainda pensou que poderia ser um golpe. “Pensei que era um golpe de Pix, mas quando abri a minha conta tinha R$ 50 mil a mais e minha conta nunca teve tanto dinheiro”, afirma. Após conversar com o Vinicius, ele diz que não pensou duas vezes antes de devolver o valor.
Apesar de estar desempregado, Gustavo afirma que não pensou em ficar com o dinheiro. “Hoje as coisas estão muito difíceis e é difícil juntar dinheiro. Eu levaria seis anos para juntar R$ 50 mil. Imaginei a dificuldade que eles tiveram para conseguir e o susto quando transferiram errado”, relata.
PIX por engano
Vinicius conta que ele e a família foram até Caldas Novas para comprar um e, após fechar o acordo com o vendedor, o pai dele fez a transferência de R$ 50 mil. Porém, ele detalha que a chave Pix do vendedor era um número de telefone, que tinha apenas o último dígito diferente da chave do Gustavo.
Na euforia do momento, meu pai confirmou a transferência sem confirmar os dados”, conta.
Quando o vendedor avisou sobre o erro na transferência, a família de Vinicius se desesperou. Todo mundo assustou e correu para o banco, mas disseram que não podiam ajudar ou passar os dados de quem havia recebido o valor”, desabafa. Desespero que se tornou gratidão após receberem o valor.
Apropriação indébita
A atitude de Gustavo é a correta, segundo o advogado especialista em direitos e proteção de dados, Rafael Maciel. O especialista afirma que a não devolução do valor pode se caracterizar como crime de apropriação indébita. “É quando alguém pega para si algo que é de outra pessoa”, explica.
Maciel elogia a atitude e explica está correta independente do valor da transferência. “Acredito que devolver é uma questão de boa fé, ética e moral, pois o dinheiro não é da pessoa que recebeu. Se ele não devolver e o dono denunciar, ela pode pegar até quatro anos de prisão ”, disse.
Fonte: G1