O médico cirurgião João Batista de Couto Neto, de 46 anos, preso preventivamente em Caçapava, no interior de São Paulo, por negligências médicas que teriam provocado mortes e mutilações de pacientes no Rio Grande do Sul, passa por audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (15). A informação é da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
O mandado de prisão preventiva contra Couto Neto foi expedido na quarta-feira pelo juiz Guilherme Machado da Silva, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O médico foi indiciado por homicídio doloso — quando há intenção de matar — pela Delegacia de Novo Hamburgo, com base na conclusão de três inquéritos. A polícia suspeita que, ao todo, ele possa estar por trás de pelo menos 42 mortes de pacientes e outros 114 casos de lesão corporal.
Médico realizava atendimentos em São Paulo
Após o avanço das investigações, o médico teve o registro profissional suspenso por 120 dias por determinação da Justiça. Desde outubro deste ano, no entanto, não há medida cautelar que o impeça de realizar cirurgias e intervenções invasivas.
Já sem restrição, em fevereiro, Couto Neto se registrou no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Na ocasião, o Cremesp confirmou estar ciente de que o médico enfrentava uma suspensão em sua licença, mas que “é obrigado a efetuar o registro do médico” por se tratar de uma restrição parcial. Desde então, ele realizava atendimentos no estado.
A defesa do médico, se pronunciou através do advogado, Brunno de Lia Pires. Ele criticou a prisão: “Com surpresa a defesa recebeu a notícia da decretação da prisão preventiva do médico João Batista. A decisão não se reveste de qualquer fundamento fático ou jurídico e constitui clara antecipação de pena, com a finalidade de coagir e constranger o médico — disse, acrescentando ainda que entrará com um pedido de habeas corpus “o mais breve possível, para fazer cessar a absurda e imotivada prisão”.
Os inquéritos concluídos e que culminaram neste primeiro indiciamento contra o cirurgião dizem respeito às mortes de dois homens e uma mulher. O Cremesp explicou que, quando aceitou o registro de João Couto, sabia que o profissional havia enfrentado uma suspensão de licença, mas que “era obrigado a efetuar o registro do médico”, porque a restrição era parcial.
Fonte: O Globo