Seis escolas abrem os desfiles na Sapucaí neste domingo (11). Porto da Pedra, Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Imperatriz vão passar pela Avenida, a partir das 22h. As agremiações terão entre 60 e 70 minutos para se apresentar. Na segunda-feira (12), será a vez das outras seis agremiações passarem pelo Sambódromo.
Os desfiles da noite serão abertos pela atual campeã da Série Ouro, a Porto da Pedra. A Tigre de São Gonçalo apresentará um enredo inspirado no livro medieval “Lunário perpétuo”, do espanhol Jerónimo Cortés. Almanaque do saber popular, a obra foi a mais lida do Nordeste brasileiro por dois séculos. Um dos ensinamentos transmitidos é a observação do comportamento dos insetos, para saber se iria chover. Isso será retratado no carro da profética das chuvas, conta o carnavalesco Mauro Quintaes.
A Beija-Flor de Nilópolis, a segunda escola a entrar na Sapucaí, vai contar a história inspirada no rei dos carnavais e engraxate Benedito dos Santos, o Rás Gonguila. Um dos destaques será o ator Samuel de Assis, que viveu Ben na novela “Vai da fé”, da TV Globo. A Beija-Flor promete ainda um efeito surpresa ao fim do desfile, desfrutando de recursos tecnológicos, numa pista de como deve aderir à luz cênica.
Em seguida vem o Salgueiro, que irá mostrar a beleza, a cultura e a cosmologia dos ianomâmi no enredo “Hutukara”, nome da floresta criada por Omama, deus da criação. Em vez de lamento pelas mortes e problemas com garimpeiros, a aposta é pela admiração, para afirmar a humanidade desse povo. Haverá ainda um lado crítico, um grito para todos lutarem ao lado daqueles que ocupam o território brasileiro há mais de mil anos, diz Igor Ricardo, enredista da escola.
Com temática tupinambá, Grande Rio pisará na Avenida em seguida com a garra de uma onça. Inspirada no livro do escritor Alberto Mussa “Meu destino é ser onça”, a escola de Duque de Caxias vai recontar o mito de criação, em que o felino é fundamental e se confunde com o Velho, criador da Humanidade. Nessa trama, que considera que o mundo já teve dois fins, o terceiro seria quando o animal comer a lua (e a ideia é evitá-lo).
Penúltima escola a desfilar, a Unidos da Tijuca terá como enredo “O conto de fado”. Mas, o carnavalesco Alexandre Louzada explica que não faz referência ao gênero musical português. É, na verdade, um jogo de palavras, em que “fado” significa “destino”. Na Avenida, a escola do Borel vai retratar, através de fábulas, lendas e mitos, o que foi preparado pelo destino para Portugal. A apresentação, colorida e com clima de leveza, não chega ao Brasil, e trata das navegações a partir de “Os Lusíadas”, clássico do poeta Luís de Camões que narra de forma épica as conquistas portuguesas.
A atual campeã do carnaval, a Imperatriz Leopoldinense vai encerrar a primeira noite do Grupo Especial com uma ficção criada a partir de outra ficção. Inspirado na cigana Esmeralda, personagem do cordelista Leandro Gomes de Barros, o xará e carnavalesco Leandro Vieira cria um testamento (feito por uma cigana fictícia) que trata a escola de Ramos como um indivíduo.