19 de setembro de 2024

Oração, alterofobia e amizade social

Foto: Freepik

O segundo domingo da Quaresma nos apresenta o mistério significativo e fascinante da Transfiguração, especialmente neste ano em que nos preparamos para o jubileu 2025 dos sessenta anos do Concílio, aprofundando a experiência da oração – especialmente do Pai Nosso, e que a CF 2024 reflete o 
tema fraternidade e amizade social. 

A Transfiguração nos permite saborear e antever as transformações provocadas com o encontro com o Pai, a oração que nos une plenamente com Deus e ilumina com o resplendor da humanidade nova e inteira. A oração é sempre um Tabor que aprofunda nossa filiação e imagem divina em Cristo.

Contemplando Cristo Transfigurado, alcançamos a visão plena de nossa vocação e a alegria da posse de Deus na nossa alma. Devolve-nos aquilo que o pecado tinha separado e fragmentado: a nossa união com o Pai da Consolação e da Misericórdia. Ao  entrarmos na “nuvem” da oração, acolheremos a Palavra do Pai que nos fará reconhecer no Filho seu projeto de salvação e nos convocará à obediência e fidelidade da Aliança batismal.

Orar é sempre um chamado à conversão, a comunhão e a missão. Por isso, a oração possibilita curar no nosso coração e na nossa mente, a fissura da síndrome de Caim, da prisão do ódio e da ira assassina que nos faz ver, nos outros, um inimigo e uma ameaça. Pela oração cristã, nos libertamos do medo, da
discórdia e da subjetivação radical que nos isola e nos torna cegos ao amor e à comunhão com Deus e os irmãos.

Somente aprendendo a rezar e a viver a Oração do Pai Nosso, tornando-a regra e programa de vida, seremos capazes de irradiar a alegria e gozo de ser filhos e filhas do Pai amado e testemunhar a
felicidade de sermos irmãos e irmãs de todas as pessoas e criaturas.

Que o Espírito Santo, nosso mestre e amigo interior, nos leve sempre a uma oração centrada no seguimento e configuração de Cristo, passando pela Cruz amorosa, compassiva e solidária com todos os sofrimentos e angústias da humanidade e de toda a Criação, para, na Páscoa ,ressuscitarmos com Jesus –
imagem perfeita do Pai, e do homem e mulher, renascidos e mensageiros da Nova Criação, membros vivos da fraternidade universal que somos chamados a esperar e testemunhar com entusiasmo e paresia.

Deus seja louvado!

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Bispo Dom Roberto Ferrería

Bispo Dom Roberto Ferrería

Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco nasceu em Montevidéu (Uruguai). Formado em Filosofia pelo Seminário Maior de Porto Alegre (RS) e em Teologia pelo Instituto de Teologia da PUC-RS e pelo Instituto Teológico da Arquidiocese de São Sebastião (RJ). Especialista em História pela Universidade de Montevidéu e mestre em Direito Canônico pelo Instituto Superior de Direito Canônico. Ordenado sacerdote em 1989, foi sagrado bispo em 2008.

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