24 de novembro de 2024

Por trabalho digno, justo e decente

Imagem: Divulgação

A data do Dia Mundial do Trabalho é celebrada no mundo desde 1889 em Paris, como iniciativa de um jovem trabalhador chamado Raymond Lavigne e, no Brasil, em 1895 em Santos – resultado das famosas greves de 1892 na mesma cidade. No país, foi oficializada a partir do governo de Artur Bernardes em 1925. Reflete sempre as conquistas dos trabalhadores em relação à duração da jornada de trabalho de oito horas, salário digno, e outras reivindicações referentes à segurança do trabalho, saúde e aposentadoria. Mas também a difícil compreensão que o trabalhador é uma pessoa, tem família a sustentar e os seus sonhos de moradia, bem estar e aprimoramento laboral e profissional.

Por isso, para dar um sentido evangélico e integral na busca de uma dignidade plena, o Papa Pio XII instituiu, neste dia, a Festa de São José, patrono de todos os trabalhadores. Data que nos impulsiona a uma reflexão e partilha da condição do mundo de hoje dos trabalhadores na globalização, muitas vezes surda e perversa no tocante a situação dos que vivem do trabalho já seja de suas mãos ou operando máquinas cada vez mais sofisticadas.

Enfrentam grandes desafios, como o recuo e retirada dos direitos sociais, a uberização e terceirização da economia que fragiliza e desconstrói a legislação que antes equalizava e colocava em melhores condições de negociar ao trabalhador. Voltaram a surgir cenários de trabalho escravo ou semiescravo, tráfico de mão de obra aliciada, enfraquecimento dos sindicatos, e desconsideração da mulher trabalhadora no relativo à equiparação salarial. Mas o trabalhador é portador de esperança e sonhos de justiça social. A Igreja, desde a Rerum Novarum, em 1891, abraça esta causa, lembrando a irrenunciável dignidade subjetiva do trabalho, anunciando aos trabalhadores a primazia do trabalho sobre o capital, a nobilíssima missão do trabalhador como construtor e artesão de uma sociedade mais justa fraterna e sustentável, que cuide de unir ao trabalho a proteção e reverência com a Casa Comum.

Que São José o padroeiro dos trabalhadores e Jesus Cristo nosso Salvador que assumiu também a condição humana de trabalhador, deixando-nos como memória aquela frase evangélica na qual apresenta a Deus Pai como Providente e trabalhador, nos ajudem a resgatar e a bem celebrar o profundo significado Pascal desta data, fonte de esperança e de glória para o mundo operário, pois como afirmava Santo Irineu, a Glória de Deus é a vida dos mais pobres.

Deus seja louvado!

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Bispo Dom Roberto Ferrería

Bispo Dom Roberto Ferrería

Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco nasceu em Montevidéu (Uruguai). Formado em Filosofia pelo Seminário Maior de Porto Alegre (RS) e em Teologia pelo Instituto de Teologia da PUC-RS e pelo Instituto Teológico da Arquidiocese de São Sebastião (RJ). Especialista em História pela Universidade de Montevidéu e mestre em Direito Canônico pelo Instituto Superior de Direito Canônico. Ordenado sacerdote em 1989, foi sagrado bispo em 2008.

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