A primavera deve continuar com cara de verão nos próximos meses. E um dos responsáveis pelas altas temperaturas é o El Niño. A meteorologista do Climatempo, Josélia Pegorim, explica que o fenômeno caracterizado pela elevação da temperatura média da água do Oceano Pacífico em pelo menos 0,5 grau por três meses consecutivos, aliado as características da estação, como maior aquecimento no Hemisfério Sul, possibilitarão novas ondas de calor.
“É muito provável que tenhamos outra onda de calor em outubro e que poderá ser mais forte do que essa última que terminou em 26 de setembro. A primavera já é uma época natural de maior aquecimento no Hemisfério Sul e no Rio de Janeiro. O El Niño vai acentuar a irregularidade da chuva, o que vai permitir mais dias com sol forte na primavera, explica Pegorim.
O El Niño é uma oscilação natural do clima, caracterizada pela elevação da temperatura média da água do Oceano Pacífico em pelo menos 0,5 grau por três meses consecutivos. A última vez que ele ocorreu foi em 2019, que bateu o recorde com os 41,6 graus em Irajá, de acordo com o Alerta Rio. Os verões e primaveras de 2020 a 2022 foram influenciados pelo fenômeno oposto, o La Niña, provocando chuvas intensas no estado e no Grande Rio.
Num contexto de mudança climática, as ondas de calor dessa primavera podem provocar dias mais quentes que o próprio verão, segundo Núbia Beray, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Geografia do Clima (GeoClima) da UFRJ e do Observatório do Calor.
“Esse padrão de interação do El Niño com a primavera gerou dias em sequência muito quentes, às vezes pode ser até mais que o verão. O que a gente viu ontem é bem típico: temperaturas máximas acima da média, e umidade do ar alta. Isso aumenta o desconforto térmico, porque a sensação é de afogamento no calor. Como o ar fica saturado e mais úmido, o suor acaba evaporando menos e o corpo fica com uma camada de água, prejudicando a regulação natural. É sauna”, enfatiza Núbia.
Fonte: Extra