No dia 04 de outubro, Festa de São Francisco Padroeiro da Ecologia e dos Animais, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica Laudato Deum sobre a Crise Climática. A razão deste novo documento se justifica por não termos reagido diante do esboroamento do mundo e seus efeitos deletérios. Citando nesse sentido a Conferência dos Bispos da África que afirma de modo grave “que as alterações climáticas evidenciam um exemplo chocante de pecado estrutural”.
No primeiro capítulo desenvolve o tópico da resistência e confusão diante da Crise climática, e da falta de percepção das causas humanas e dos danos e riscos. De imediato aborda a questão do crescente paradigma tecnocrático, a utilização distorcida e ruinosa do poder, a falsificação da meritocracia, e a necessidade de um aguilhão ético para redescobrir o sentido da vida, trabalho e compromisso. No terceiro capítulo considera-se a fragilidade da Política Internacional, os sinais de regressão, o desafio de redesenhar o multilateralismo com o princípio da subsidiariedade e de uma democratização na esfera global. No quarto capítulo chama a atenção as sucessivas Conferências sobre o clima, os seus progressos na compreensão do problema do aquecimento e os falimentos no agir e compromissos com os acordos assumidos. No quinto se avaliam as expectativas e possibilidades da COP 28 em Dubai, e a urgência de efetuar mudanças substanciais, pensando que por mais custosas que forem as medidas tomadas, serão muito mais onerosas se proteladas.
Precisamos de fórmulas vinculantes de transição energética: eficientes, que envolvam a todos e facilmente monitoráveis. Finalmente o capítulo sexto encerra magistralmente a exortação com as motivações espirituais que brotam da fé, a responsabilidade com a Terra, o convite de Jesus a contemplar a beleza que existe na Criação, e a plenitude luminosa a que são chamadas as criaturas pela ressurreição. A defesa de um “antropocentrismo situado”, reconhecendo que a vida humana não se pode compreender nem sustentar sem as outras criaturas, caminhando em comunhão e responsabilidade, rumo a uma reconciliação com o mundo. Volta-se a explicar o título Laudato Deum, porque afirma o Papa, um ser humano que pretende tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo. Paz e Bem!